sexta-feira, 21 de março de 2014

Depravação Total e Evangelização

Por Morgana Mendonça Santos

Romanos 1.16 - "Porque não me envergonho do Evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego."

O leitor pode achar estranho esse título, fazendo tal junção, doutrina e ordem. Antes de ser algo como é chamado por muitos doutrina calvinista ou teologia reformada, isso é uma verdade bíblica. Seguindo nosso caminho de volta às Escrituras no que se diz respeito a evangelização bíblica, observaremos como é importante fundamentar nossa evangelização na Soberania de Deus. Uma marca distintiva da evangelização bíblica, primitiva, é a verdade sobre Deus: atributos e obras. Precisamos conhecer quem é o Deus que nós pregamos, pois isso resultará na forma que proclamaremos o Evangelho.

O Apostolo Paulo em Atenas, no livro de Atos capítulo 17, lança o alicerce da sua evangelização no conhecimento de quem é Deus, observe:

Atos dos Apóstolos 17.24-31 - "O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; nem tampouco é servido por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas; e de um só fez todas as raças dos homens, para habitarem sobre toda a face da terra, determinando-lhes os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação; para que buscassem a Deus, se porventura, tateando, o pudessem achar, o qual, todavia, não está longe de cada um de nós; porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois dele também somos geração. Sendo nós, pois, geração de Deus, não devemos pensar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida pela arte e imaginação do homem. Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam; porquanto determinou um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que para isso ordenou; e disso tem dado certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos."

O quanto conhecemos de Deus irá reproduzir o método, o conteúdo da mensagem que iremos oferecer aos incrédulos. A nossa evangelização, a nossa comunicação do Evangelho precisa ser consistente com o que a Bíblia fala a respeito de Deus. Note bem que Paulo não precisou apelar, insistir ou causar barulho de clemência para que o povo viesse a Cristo. Precisamos fundamentar o nosso evangelismo nas Escrituras Sagradas. Precisamos conhecer Deus e de maneira simultânea pregar o Evangelho, as boas novas na consistência de quem Deus é, Seus atributos, Seu eterno poder e Sua obra Redentora.

A evangelização bíblica tem como característica também, o fato de considerar seriamente o estado do homem, a sua realidade. Uma marca dessa evangelização tem como alvo entender a condição real do homem e sua posição diante de Deus. O que a Bíblia ensina acerca do ser humano, todas essas doutrinas bíblicas acerca do homem precisam ser considerada na evangelização. Quem é esse homem? O Apostolo Paulo responde:

Romanos 3.10-18 - "Como está escrito: Não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; com as suas línguas tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo dos seus lábios; a sua boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Nos seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante dos seus olhos."

É necessário entendermos a respeito da Queda (Gn 3.6), o homem natural é o nosso alvo. A idéia que nós temos do homem, o seu estado e sua real condição deverá afetar fortemente a nossa evangelização no que se diz respeito a maneira da abordagem; o conteúdo da mensagem; o argumento proposto; o anúncio das boas novas. A nossa atitude na evangelização vai depender da visão apropriada e correta da situação do homem natural.

Romanos 3.23 "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus"

A humanidade sem Cristo não está numa situação de inocência, nem neutra ou numa condição apenas defeituosa. A situação do homem é de morte, cegueira e nudez. Ele está depravado totalmente e é incapaz de levantar uma mão e decidir por Cristo livremente. A incapacidade humana para a reconciliação com Deus parte do pressuposto bíblico em relação a consequência da queda, no qual deformou o homem e a imagem de Deus nele foi de tal modo corrompida, em seu ser; sua moral, suas vontades. O defunto não pode ao menos reagir a sua condição de escravo cego do pecado.

Efésios 2.1 - "Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados"

A nossa evangelização precisa ser arraigada, centralizada, fundamentada nas Escrituras, entender a situação que se encontra o homem caído em Adão vai nos levar a forma bíblica para oferecer a solução para esse pecador, esse Evangelho que é poder de Deus para a salvação, daqueles que escolhidos irão crer.

Marcos 16.15 - "E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura."

Essa criatura necessita do Evangelho, não de educação. A evangelização não pode ser um remédio, não pode ser uma entrega de receita. Esse homem não está parcialmente enfermo, doente temporariamente. Não é simplesmente exortar o homem a se conformar com o padrão bíblico, não é comunicar alguns preceitos bíblicos como se precisasse apenas de uma orientação psicológica. Evangelizar não é educar o homem, o estado desse indivíduo é de uma absoluta incapacidade e inabilidade, ele está morto, não consegue resolver a sua situação para com Deus.

Nossa evangelização não é romântica, não deposita nenhuma esperança no homem, precisamos comunicar o Evangelho de forma realista. O ser humano é necessitado espiritualmente, a solução do problema é a regeneração, o nascer de novo. Nossa evangelização deve ser seguida de súplicas, orando para que Deus faça conforme fez com Lídia:

Atos dos Apóstolos 16.14 - "E certa mulher chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que temia a Deus, nos escutava e o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia."

O trabalho do Espírito Santo (João 16.8), convencimento do pecado e a soberania Divina faz com que o coração de Lídia seja habilitado por Deus, notemos que foi somente o de Lídia naquele momento, no entanto a mensagem foi para todas as mulheres que ali estavam. Nossa tarefa como cristãos não é apenas comunicar verdades bíblicas, precisamos evidenciar com o nosso testemunho essas verdades e também suplicar a Deus pelos que ouvem a mensagem para que o Espírito Santo aplique nos corações dos que irão crer, esse Evangelho que é poder de Deus. Deus é o único responsável pelo resultado da missão, nós precisamos apenas ser fiéis.

1Coríntios 4.1-2 - "Que os homens nos considerem, pois, como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Ora, além disso, o que se requer nos despenseiros é que cada um seja encontrado fiel."

A Graça e a soberania de Deus é altamente encorajadora para a evangelização. O evangelho deve ser pregado, pois não há outra maneira de crê para a salvação. Nesse momento da pregação, Deus fará cumprir a Sua palavra para com os Eleitos. Não é antropocêntrico, é teocêntrico, não é romântico, é realista. Somente o Espírito Santo pode operar no coração do defunto, vivificando-o e em seguida regenerando-o.

Como disse João Calvino no seu comentário em Isaías 2.3: “Nada pode ser mais inconsistente no que concerne à natureza da fé que aquela indiferença que leva um homem a desprezar seus irmãos e manter a luz do seu conhecimento... apenas em seu próprio coração”.

Marca de uma evangelização reformada! A Deus, toda Glória! Rm 11.36

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